Mobiliário planejado: tê-lo ou não tê-lo? Eis a questão.

Quem me acompanha há tempos sabe: tenho uma enorme implicância com mobiliário planejado. Não consigo gostar! Só que ao invés de morrer com a minha implicância, resolvi refletir, pesquisar e descobrir o porquê dela. Eis a resposta que encontrei: falta de equilíbrio e bom senso.
Vamos discutir os prós e contras, bem como as dicas que separei para vocês.


VANTAGENS:

  • Durabilidade – Vale lembrar que a durabilidade é relativa. Se comparar os móveis planejados com os de lojas populares, a durabilidade é certamente maior. Mas se for comparar com o móvel dos tempos da vovó, estes últimos ganharão, provavelmente. Os da minha casa são de 2008, e na cozinha já tem um pedacinho estufado. Mas em geral, eles costumam durar muitos anos.
  • Aproveitamento de espaço – Para quem tem pouco espaço, o mobiliário planejado dá a chance de aproveitar centímetros preciosos. Mas cuidado para não cair nessa armadilha! Falaremos disso daqui a pouco.

DESVANTAGENS:

  • Impossibilidade de mudanças – Quem realmente gosta de curtir a casa, gosta de brincar com a decoração de vez em quando, até porque é natural que nossos gostos mudem, nem que seja um pouco, com o passar dos anos. O mobiliário embutido dificultará muito, mas isso não é necessariamente um impedimento – minha casa é a prova disso. Mas às vezes as necessidades da família mudam, e o que poderia ser resolvido mudando o móvel de lugar, poderá ficar complicado. A Ellen Caliseo, do blog Casinha de Retalhos trocou os espaços do estar e do jantar, pois onde estava a mesa de jantar, estava ventilando melhor. Nada melhor que sentar no sofá com um vento fresquinho nesse verão escaldante, certo? Se o rack da Ellen fosse embutido, a família teria que continuar morrendo de calor.
  • Cara de showroom – Não adianta me dizer que existem 7865436750 cores de acabamento, isso e aquilo… mobiliário planejado é praticamente tudo igual. Isso faz com que tenha cara de showroom, e tem que ter muito jogo de cintura para não deixar sua casa com um aspecto de “aqui não mora  ninguém” ou “aqui mora alguém que apenas segue o que está no catálogo”.
DICAS:

1) NÃO CAIA NA ILUSÃO DE QUE MOBILIÁRIO PLANEJADO É UM OÁSIS NO DESERTO: NEM SEMPRE ELE APROVEITA ESPAÇO!

 Ele pode até aproveitar, se for usado de forma inteligente, que não é o que eu vejo acontecer na grande maioria das vezes. Observo uma tendência das pessoas que compram apartamento a encher a casa de móvel, com a desculpa de que mora em apê pequeno (mesmo quando se trata de 90m²). Conheço gente que chegou ao ponto de colocar armário em cima do vaso sanitário! Isso faz com que os cômodos fiquem menor do que já são, e que ambientes grandes pareçam pequenos. Resultado disso = casa entulhada.

 2) AVALIE SUA REAL NECESSIDADE

Você precisa realmente de tantos armários assim? Para quê ocupar espaço com uma sapateira, se você puder acomodar seus sapatos embaixo da cama? Hoje em dia há tantos organizadores bacanas que substituem uma sapateira com louvor. Se você não é daqueles que amam cozinhar, que precisam de mil acessórios para fazer receitas inusitadas, precisa ocupar todas as paredes da sua cozinha com armário? Um debaixo da pia e um aéreo não seriam suficientes?

3) PREFIRA MÓVEIS MULTIFUNCIONAIS

Cama-baú, puff-baú, racks com gavetas. Esses móveis reduzirão a necessidade de ser ter muitos armários. Você terá onde guardar suas coisas e sua casa ficará visualmente mais leve, e quiçá, mais clara e arejada.

4) CONTRATE UM ARQUITETO OU DESIGNER DE INTERIORES

Essa é a dica mais importante de todas. E não venha com mimimi que é caro, que não tem dinheiro. Porque você vai economizar, acredite.
O vendedor da loja pode até ser arquiteto e saber o que é melhor para você, mas ele ganha comissão. Quanto mais armário você fizer, mais caro ficará o projeto. Consequentemente, maior será a comissão dele. Logo, muitos deles farão você acreditar que precisa daquele tanto de armário.
Agora, se você contratar um profissional desvinculado da loja para fazer o projeto, ele vai te cobrar o projeto dele, que você já sabe de antemão quanto vai pagar, ele não está interessado em comissão. Então, ele vai desenhar os móveis que você realmente precisa, levando em conta o ritmo de vida da sua casa. O que você vai gastar com o profissional, economizará na compra. Chegar na loja com o projeto pronto é o mesmo que baratear o custo dos armários!
Hoje em dia já existem muitos profissionais trabalhando a preços acessíveis, sobretudo quando se trata de e-design.

5) ATENTE PARA A LARGURA DOS MÓVEIS

Isso é um problema sério aqui em casa. O meu rack é extremamente largo, e eu tenho que prestar atenção na decoração para não ficar um buraco, sabe? Mesmo para as televisões com “bunda”, que tinha poucos anos atrás, ele é largo, imagina para as fininhas de agora! No meu quarto, também sobra escrivaninha para pouco computador. Isso carrega o ambiente visualmente e pode comer centímetros valiosos para a circulação. Confie em mim: evite ter problemas de circulação, eu vivo com a perna roxa. 

6) TENHA MENOS COISAS

Vivemos na sociedade do consumo que nos faz acreditar que precisamos ter muitas coisas. Mas antes de colocar armários demais, já cogitou desapegar de alguns objetos? Acredito que sempre temos uma montanha de coisas desnecessárias que podem ser úteis a outrem, então, porque não aproveitarmos para dar uma esvaziada na nossa casa e ainda ajudar alguém?
Eu por exemplo, tenho bastante roupa. Não que eu compre muito, mas 60% do que tenho é “herança” de parentes que enjoaram das peças. Eu uso praticamente tudo que tenho, e tenho um guarda roupa grande que comporta isso. Mas se eu me mudar para um lugar menor, não preciso de tanta roupa assim. Seria melhor eu fazer mais um armário que atrapalharia a minha circulação ou me desfazer de boa parte das minhas roupas? Eu ia preferir a segunda opção.

7)  INSIRA ELEMENTOS QUE “QUEBREM” O ESTILO DOS MÓVEIS EMBUTIDOS

Como já disse, mobiliário planejado tem cara de showroom, e não será um porta retrato com uma foto da sua família que vai dizer que mora alguém na casa. Misture os móveis retos dos planejados com os de design diferenciado. Por exemplo, se você fez um guarda roupa embutido no seu quarto, mas quer ter uma penteadeira, ao invés de mandar fazer embutida, que tal apostar numa de estilo meio rococó, com pernas torneadas? Se você tem um rack embutido, porque não colocar uma manta de crochê no sofá ou apostar em almofadas de fuxico? E uma samambaia pendurada no teto, já cogitou? Ou então, trocar os puxadores sérios, cromados, pelos de estilo colonial?

E você, gosta de mobiliário planejado? Tem/ teria muitos na sua casa, ou acredita que o equilíbrio é o melhor caminho? Conta pra gente, e vamos debatendo!

11 comentários em “Mobiliário planejado: tê-lo ou não tê-lo? Eis a questão.”

  1. OLá Juliana, Gostei deste post e concordo com vc em gênero e número. Sempre impliquei com o planejado, acho que nos deixa sem opção em caso de querermos mudar. E me chateia casas em que todos os milímetros são aproveitados. Penso que não há necessidade disso, há que saber equilibrar as coisas e viver com menos. Bj

    1. OI Val, como é bom saber que não estou sozinha neste mundo! rs. Não sei como é aí, mas aqui no Brasil, é de praxe a classe média que tem imóvel próprio sair investindo nos móveis planejados, pelo menos na cozinha, no banheiro e no guarda roupa. Acho que agora, com a proliferação das revistas acessíveis e dos blogs de decor é que tenho visto a juventude (leia-se a minha geração – de 20 e poucos a 30 e poucos anos), repensar a necessidade dos planejados. tenho amigos que compraram apartamento e sequer cogitam isso, preferem viver com menos. E tenho uma amiga também, que colocou o mínimo possível, porque a planta o quarto não cabia um guarda roupa comum, mas ela fez de um jeito que não atrapalhou a circulação, colocou puxadores fofos e não ficou com cara de showroom.

      Beijos!!

    2. Se tem uma coisa que abomino mesmo são aqueles quartos de bêbê em que tudo é planejado e faz à volta ao ambiente: começa no berço, aí sai uma bancada, um troca fralda, emenda com cama para bábá, sobe em estante para brinquedos, passa para o guarda roupa e completa com mil bichinhos na parede. Fica extremamente sem graça, sem possibilidade de mudar e igual a tantos outrosE sim, vejo isso muito no Brasil, mesnos na Europa. Bj

  2. Olá Jú! Gostei bastante desse post! Muito bem explicado todos os pontos! E concordo com você em todos os aspectos! Os móveis planejados tem a sua vantagem, mas se usado com moderação. No geral eu gosto deles apenas na cozinha e nos banheiros, acho que esses ambientes "pedem"esse tipo de móvel. Em todo o resto prefiro móveis soltos, para a circulação e permitir a nossa tão querida brincadeira com a decoração!

    Está de parabéns, o post é de utilidade pública! Acho que vai ajudar um monte de gente!

    Beijão!
    Thamyrez

    1. Cozinhas tipo corredor, realmente dificulta fugir dos planejados, ainda mais se os acessórios não forem tão usados assim, pois prateleiras acumularia poeira. Já cozinhas maiores, quadradas, comuns nas plantas dos prédios dos anos 50, permitem uma brincadeira maior com os mobiliários soltos. No banheiro, quando o mobiliário planejado se resume ao gabinete embaixo da pia, não me incomoda, mas não acho que seja necessário. Já vi muitos projetos bacanas de banheiros que apelaram para soluções alternativas e inusitadas. No Casa Chaucha tem vários exemplos.

      Beijos!!

    1. Não é tão fácil viver com pouco numa sociedade consumista, que prima pelo TER em detrimento do SER, mas acredito que devemos tentar, exercitar.

      Também gosto muito da ideia dos móveis multifuncionais.

      Beijos!

  3. Caramba, Juliana. Eu assino embaixo TUDO que vc falou, e assino como leitora do seu blog e também como profissional. Pra mim, o argumento da padronização visual é o que mais me incomoda e quando eu toco nesse assunto com alguns clientes, percebo que eles torcem a cara discretamente, esperando que eu propusesse algo mais "prático e moderno", segundo a definição deles mesmos. Não é bem por aí e tem sido um verdadeiro desafio fazê-los mudar de ideia.
    Aliás, tem sido difícil encontrar outros arquitetos que pensem como eu. Eu sou a favor dos planejados na cozinha e, em alguns casos, nos guarda-roupas dos quartos por causa da divisão interna, que fica melhor em termos de distribuição. E só. A implementação do espaço decorado fica muito mais fluida e versátil quando a gente opta pelos móveis soltos mesmo.
    Parabéns pela abordagem do tema!
    Bjo!
    Manu
    http://www.simplichique.com.br

    1. Oi Manuela, fico tão feliz de saber que tem profissionais acompanhando o meu blog!
      A impressão que eu tenho é que os planejados meio que viraram parte da questão cultural do brasileiro, daí a dificuldade que você encontra ao tocar nesse assunto com seus clientes. Observo isso na casa das pessoas, e em revistas de decoração, quando mostram imóveis próprios.
      Obrigada pelas suas contribuições!

      Beijos

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